HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO


O século XVII, conhecido como o “Século do Método”, inaugurou um novo paradigma para o pensamento e a ação da Modernidade. Não por acaso, ao fecundar a ciência e a filosofia, as discussões epistemológicas sobre o método repercutiram diretamente sobre as teorias pedagógicas.

 

Sobre o cenário moderno das transformações intelectuais, julgue as afirmativas abaixo, indicando V para as que forem verdadeiras e F para as que forem falsas.

 

( ) A tendência antropocêntrica de resgate da dimensão humana favoreceu a mentalidade crítica, rejeitando o princípio da autoridade religiosa e promovendo a laicização do saber.

( ) A ciência, como campo de saber, desenvolveu-se no século XVII como atividade contemplativa vinculada à filosofia e à doutrina religiosa.

( ) O problema do conhecimento, como problema filosófico, colocou em discussão os procedimentos da razão na investigação da verdade, antes de se permitir teorizar sobre qualquer coisa.

( ) A grande novidade da ciência foi a valorização da técnica, ao privilegiar o método experimental e o testemunho dos sentidos em oposição ao discurso formal da física aristotélico-tomista.

( ) O renascimento científico pode ser compreendido como expressão de uma ordem religiosa fortemente marcada pela autoridade da igreja e do pensamento filosófico escolástico.

 

Assinale a sequência CORRETA.


F, V, V, F, V.


V, F, V, V, F.


V, V, F, F, V.


V, F, V, F, F.


F, V, F, F, V.

A educação romana pode ser caracterizada em três diferentes períodos: i) heroico-patrício, ii) cosmopolita e, iii) imperial. Quando o antigo Estado republicano se expandiu desenvolvendo-se para a nova forma do Estado Imperial, a educação romana sofreu, necessariamente, uma profunda transformação.

 

Acerca da educação no período imperial, julgue os itens abaixo.

 

I O rígido controle do Estado limitou não só a criação de escolas no Império Romano, como, também, a concessão do direito de cidadania aos mestres de artes liberais.

II A exigência burocrática na administração do Império fez crescer a intervenção do Estado nos assuntos educacionais que, aos poucos, tomou para si a inteira responsabilidade pela educação.

III A educação no período imperial marcou o desenvolvimento do ensino terciário, com os cursos de filosofia, retórica, medicina, mecânica e direito.

 

Está CORRETO o que se afirma em:


III, somente.


I, somente.


I e III.


I e II.


II e III.

Segundo o historiador francês Philippe Ariès, o conceito de infância é uma construção sociocultural e teria surgido apenas na Modernidade. Nessa perspectiva, a preocupação com a educação das crianças foi um tema que só surgiu por volta do século XVIII, tendo como grande expoente o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau.

 

Sobre as ideias pedagógicas introduzidas por Rousseau na sociedade do final do século XVIII, é CORRETO afirmar que:


o desenvolvimento das crianças decorria da imitação espontânea dos gestos e do comportamento dos adultos nas cerimônias religiosas.


a criança possui valor mercantil e é reconhecida como riqueza potencial do Estado e mão-de-obra da indústria.


a cultura do respeito pela hierarquia reforçava que as crianças deveriam aprender com os mais velhos repetindo seus hábitos e atitudes.


a ordem social e econômica do século XVIII compreendia as crianças como povoadoras das novas colônias e membros do exército.


a criança é um sujeito de identidade própria, livre e a infância é uma forma particular de ser humano.

Leia, com atenção, o texto a seguir.

 

O ensino da História da Educação esteve, desde sempre, institucionalmente ligado à formação de professores, e por esse processo formativo passaram suas ambiguidades e projetos, suas fragilidades e sucessos. De início, a História da Educação organizou-se como uma reflexão essencialmente filosófica, baseada na evocação das ideias dos grandes educadores como ferramenta de descrição da evolução educativa (e da Humanidade) como uma marcha de progresso. Buscava-se, desse modo, retirar deste passado o máximo de lições para o presente. Já nos dias de hoje, há uma diversidade de perspectivas na forma de ensinar História da Educação e de justificar a sua inclusão nos programas do ensino superior e universitário: se por um lado há uma espécie de redescoberta da especificidade das temáticas escolares e do papel dos diferentes atores educativos e da sua experiência, por outro, há uma tendência para retomar as práticas de história intelectual e cultural, a partir de novas concepções teóricas.

 

(NÓVOA, Antônio. História da educação: percursos de uma disciplina. Análise Psicológica (1996). Lisboa, N.4 (XIV), p. 417 – com adaptações)

 

Considerando os motivos apresentados pelo autor para justificar a presença da História da Educação como disciplina fundamental à formação de professores, analise as asserções que seguem e a relação proposta entre elas.

 

O apelo à revisitação das ideias dos grandes autores comporta uma espécie de ceticismo que permite ao sujeito questionar, de diferentes modos e perspectivas teóricas, os problemas da educação em seu tempo.

PORQUE

A investigação histórica da educação coloca em questão o modo como as múltiplas identidades definem as experiências, as memórias e as tradições que tencionam as temáticas escolares e o papel dos diferentes atores educativos.

 

A respeito dessas asserções, assinale a alternativa CORRETA.


A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira.


As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.


As duas asserções são proposições falsas.


As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.


A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa.

Na Antiguidade Clássica os filósofos gregos postulavam que a natureza do homem é racional, e, por consequência, é na razão que o homem realiza a sua humanidade. Para Platão, ícone da filosofia clássica, é na ação racional que o homem realiza o bem, que é, ao mesmo tempo, felicidade e virtude. Neste sentido, é CORRETO inferir que:


O homem virtuoso se revela na vivência do corpo e dos desejos.


O homem virtuoso se revela na prática das atividades físicas.


O homem virtuoso se revela na ação racional.


O homem virtuoso se revela na guerra.


O homem virtuoso se revela na religiosidade.

O pensamento moderno consolida os movimentos de emancipação, secularização e busca por autonomia iniciados na renascença. No âmbito do conhecimento, a modernidade realiza uma verdadeia revolução espiritual: nasce uma nova visão de mundo, de Universo, de ciência e de metodologia cientítica que elege a epistemologia como uma de suas grandes questões. Nesse contexto, duas correntes filosóficas destacam-se como teorias do conhecimento. São elas:


racionalismo e cientificismo.


racionalismo e empirismo.


ateísmo e cientificismo.


racionalismo e enciclopedismo.


empirismo e ateísmo.

Há uma visão antropológica comum na Renascença que concebe o homem como um microcosmo, a partir da reflexão iniciada pelo filósofo e teólogo Nicolau de Cusa (1401-1464). Essa ideia expressa a fé nas potencialidades inscritas no ser humano, que pode tanto elevar-se a divino quanto degenerar-se no pior dos seres. O rosto ou a figura que essa potencialidade receberá deve-se ao livre-arbítrio. Assim, cada homem é um mundo em potencial.

 

(MEIER, C. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. Belo Horizonte: Ed. Pax, 2014)

 

Sobre a concepção de homem postulada pelo humanismo renascentista, julgue os itens a seguir.

 

I A ênfase na liberdade e na autonomia humana explicava a ascensão do ateísmo e o descaso com o dogmatismo que sustentava o mundo religioso.

II A valorização da dignidade humana fundamentada na liberdade indicava a busca pelo equilíbrio entre emoção, experiência e razão.

III A relevância da dimensão espiritual do homem destacava a superioridade da fé e a subordinação da razão à verdade acolhida como revelação divina.

 

Está CORRETO o que se afirma em:


I, apenas.


II, apenas.


III, apenas.


I e III.


I e II.

Leia, com atenção, o texto a seguir.

 

Quanto à subida e à contemplação do que há no alto, considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre a minha esperança, já que desejas conhece-la. [...] Em todo o caso eis o que me aparece tal como me aparece; nos últimos limites do mundo inteligível aparece-me a ideia do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e belo.

 

(PLATÃO. A República. São Paulo: Nova Cultural, 2004, p. 228)

 

Herdeiro intelectual de Sócrates, Platão afirma que o ordenamento da existência humana se traduz numa realidade de transcendência. Nesse sentido, a educação configura uma espécie de dialética ascendente:

 

I que desloca o homem no sentido Bem, que é, ao mesmo tempo, felicidade e virtude.

II que permite ao homem libertar-se do mundo sensível para contemplar o mundo inteligível.

III que nomeia a atividade de conformação da razão aos sentidos do corpo.

 

Está CORRETO o que se afirma em:


I e II.


II, somente.


I, somente.


III, somente.


I e III.

O surgimento das primeiras civilizações no norte da África e na Ásia marca a transição de um modelo social igualitário, comum às comunidades tribais, para uma sociedade de classes. O desenvolvimento dos ofícios especializados, das técnicas de agricultura, pastoreio e o surgimento do comércio, deram forma a uma sociedade complexa, assinalada pela rígida divisão de classes, pela religião organizada e pelo Estado centralizador.

 

Sobre as características de organização social nas civilizações orientais, julgue os itens a seguir.

      

I São sociedades complexas e burocráticas, porém com organização social flexível e economia baseada na propriedade privada da terra e dos produtos do trabalho.

II São sociedades hidráulicas, teocráticas, de economia baseada na propriedade estatal e servidão coletiva, expressiva influência da religião e nenhuma mobilidade social.

III São sociedades de estruturas homogêneas e igualitárias, com pequena participação da religião e ampla mobilidade social decorrente da divisão do trabalho.

 

Está CORRETO o que se afirma em:


I e II.


I e III.


III, somente.


I, somente.


II, somente.

Segundo o historiador Marc Bloch (2001, p. 55), “a História é ciência dos homens, no tempo”. Logo, todos os campos do saber lhe interessam e devem ser motivo de reflexão. Acerca da História como campo de conhecimento e disciplina de estudo, assinale a alternativa CORRETA.


O historiador é aquele a quem cabe a reconstrução exata dos fatos históricos.


A História se constitui como um contínuo fluxo de elaboração; seu conhecimento é essencialmente inacabado.


A História é uma ciência exata, propriedade comum às ciências humanas.


A História é o estudo do homem no tempo, logo deve ocupar-se do somente do exame do passado.


A História se constitui na relação tempo e fato; o sujeito é apenas seu narrador.