LITERATURA COMPARADA


Leia o fragmento abaixo:

 

[...] Sinto-me tão perdida. Vivo de um segredo que se irradia em raios luminosos que me ofuscariam se eu não os cobrisse com um manto pesado de falsas certezas. Que o Deus me ajude: estou sem guia e é de novo escuro.

Terei que morrer de novo para de novo nascer? Aceito.       

Vou voltar para o desconhecido de mim mesma [...]. Criar de si próprio um ser é muito grave. Estou me criando. E andar na escuridão completa à procura de nós mesmos é o que fazemos. Dói. Mas é dor de parto: nasce uma coisa que é. É-se. É duro como uma pedra seca.

                                                                                                                                                   (LISPECTOR, 1998c, p. 41-42)

  

A seguir, marque a alternativa correta.


Neste fragmento, podemos notar nitidamente a demarcação dos espaços.


Neste fragmento, especificamente, temos um texto delineado, geograficamente marcado, típico das obras de Clarice Lispector.


Neste fragmento, temos um discurso fechado, tomado pela linguagem objetiva. De forma alguma, há indagações sobre a existência da personagem.


O espaço se subdivide em um espaço demarcado e outro tomado pelo monólogo da personagem. Pode-se perceber, também, a falta da linguagem lírica.


Neste fragmento de Água viva, temos um discurso em aberto, tomado pela linguagem lírica. A espacialidade apaga-se e torna-se a própria linguagem, a linguagem enquanto manifestação da geografia do ser.

Acerca da fragmentação da escritura de Clarice, é correto dizer que:


A fragmentação é inerente à obra clariceana. Digamos que, pelo fragmento, a autora, em reflexões agudas, intenta abarcar a multiplicidade do tempo, do espaço e da vida modernos.

A fragmentação na obra clariceana foi, digamos, um "processo rascunho" na carreira da escritora. Em seus textos mais atuais, não encontramos mais nenhum resquício desta abordagem.


A fragmentação não é inerente à obra clariceana. Em seus textos não podemos encontrar, de forma alguma, sequer reflexões existenciais de suas personagens.


Na maior parte de suas obras, a autora, objetivamente, nunca intenta abarcar a multiplicidade do tempo, do espaço e da vida modernos.


A escritura de Clarice dá-se pela fragmentação. Porém, todos seus romances são fragmentados em capítulos dependentes entre si.

Sobre a obra "Divina Comédia", de Dante, podemos afirmar que:


É, com certeza, uma obra  clássica, escrita em versos decassílabos, plena em alegorias e significados morais. Mas o autor peca ao não mencionar o Purgatório em sua trama.


Obra da idade medieval, foi escrita entre 1308 e 1320; como é um clássico, não conserva viva a essência da temática dos dias atuais.


É uma obra-prima clássica, escrita em versos decassílabos, plena em alegorias e significados morais. Dante usa de um artifício muito original - faz uma viagem ao Inferno, ao Purgatório e ao Paraíso.

Os horrores descritos pelo autor são, ao mesmo tempo, impressionantes e cômicos. Por isso, o nome: Divina Comédia.


É uma obra indispensável, pois trata de temas universais como relacionamentos amorosos e assuntos relacionados ao ser humano.

A literatura dialoga diretamente com inúmeros referentes. As lendas ou feitos heroicos transmitidos através de gerações, que mais tarde se tornaram livros e que nos chegam no formato de história infantil, são exemplos disso. Também são maneira de interpretar a trajetória dos povos, porque muitos textos literários se tornaram documentos históricos.

 

BORGES, Francieli et al. Literatura comparada. Porto Alegre: Sagah, 2016.

 

 

Das alternativas abaixo, assinale a que melhor responde à pergunta: Como surgiu a linha de crítica literária que hoje conhecemos como Literatura comparada?

 

         


Desde a antiguidade, inclusive, podemos encontrar tais comparações em textos bíblicos.


Nasceu com o intuito de ocultar uma produção subalterna ou devedora diante de sua respectiva relação com a literatura modelo.


Até hoje, críticos e estudiosos da literatura põem em cheque o fato de comparar textos, mesmo que informalmente.


Nasceu no contexto de estudos analíticos que pretendiam identificar uma produção literária subalterna ou devedora, relacionando-a a uma outra literatura modelo.


Pelo fato de haver obras literárias distintas e, ao mesmo tempo, bastante semelhantes. A partir daí, os críticos precisavam realizar a comparação, a fim de tentar identificar o verdadeiro autor da obra.

Leia, a seguir, alguns trechos de Fausto:

 

Prólogo no teatro

 

Versos 255 a 261. Palavras do DIRETOR:

 

255   Da lua e sol servi­vos, e aos centros

         Espalhai as estrelas.

         Fogo e águas,

         Rochedos, bosques, pássaros não faltem.

         Do bastidor no acanhado espaço

         A criação inteira se desdobre,

 

260   E caminhai, com rapidez medida,

        Desde o céu, pela terra, ao fundo inferno. (GOETHE, 2007, p. 33)

 

Partindo da ideia de que podemos perceber, através da leitura dos versos acima, a relação entre a caminhada pela vida e a morte, marque a alternativa que melhor elucida esta interpretação.


Vemos a morte representada pela luz (lua, sol, estrelas), fogo, águas, rochedos, bosques, pássaros, representando os entes da criação; a vida pronunciada pela expressão “ao fundo inferno”.


A vida pode ser representada apenas pela figura do sol, e a morte, através da figura da lua. 


Pela expressão "Ao fundo do Inferno" o leitor, automaticamente, interpreta a vida sob a perspectiva de paraíso e purgatório.

Não há indícios sobre tais questões na poética de Goethe.


Vemos a vida representada pela luz (lua, sol, estrelas), fogo, águas, rochedos, bosques, pássaros, representando os entes da criação; a morte pronunciada pela expressão “ao fundo inferno”.

Sobre a obra "Paraíso perdido" de Milton, marque a alternativa incorreta:


Paraíso Perdido trabalha a relação entre o bem e o mal, evidenciando que a felicidade provém da obediência a Deus e a desobediência pode levar à queda, às dificuldades, tornando o homem, um ser miserável.


O autor, ateu, traçou uma crítica aos ensinamentos de Santo Agostinho e também em relação à Igreja Católica.


Segundo a obra, Adão e Eva cometeram pecado ao transgredirem as normas de Deus, perdendo, assim, suas benesses. A partir deste momento, teriam de lutar pela vida.


Milton se inspira na tradição clássica, épica, dos grandes poemas, para compor esta obra-­prima, em que trabalha, de forma admirável, os aspectos religiosos e filosóficos inerentes ao ser humano, quando da condenação de Adão e Eva, pelo pecado que cometeram, desobedecendo à vontade de Deus.


Essa epopeia inspira-se no Gênesis, demonstrando preocupação de ordem puritana. Satanás, sabendo que uma nova raça irá ocupar o lugar dos anjos rebelados, resolve agir.

A Literatura é uma das manifestações culturais mais antigas, porque ela "inclui" o homem no mundo. A literatura sempre foi lida, buscada e também questionada. O diálogo entre textos sempre ocorreu. Para este diálogo, cada pessoa se posicionava de uma maneira distinta.  Logicamente, com o passar do tempo, o simples "comparar por comparar" na Literatura, foi dando forma aos estudos comparativos.  Diante deste contexto a respeito do surgimento da "Literatura Comparada", indique a alternativa que melhor corresponde ao avanço desta prática como disciplina.


Não há evidências científicas sobre a eficiência da "prática comparativa" nos dias de hoje. É valido o estudo histórico, mas o fato de "comparar" não pode fazer parte dos estudos de crítica literária atualmente. 


A atitude comparativa, bem como a literatura, são necessidades do leitor. Por este motivo, não há como evidenciar sobre o surgimento desta prática, já que a Literatura comparada ainda não se institucionalizou como método e/ou disciplina. 


A Literatura comparada se institucionalizou, muito rapidamente, como disciplina ao longo do século XIX, embora este processo tenha começado no século XVIII. 


Naturalmente, a prática da Literatura comparada foi tomando forma. Assim como no cotidiano, pessoas comparam objetos, outras pessoas e, finalmente fatos em si. Não se sabe até hoje sobre a origem da atitude comparativa, pois a mesma relaciona-se intrinsecamente com o informal e a oralidade.


Podemos dizer que esta prática nasceu no contexto de estudos analíticos que pretendiam identificar uma produção literária subalterna ou devedora, relacionando-a a uma outra literatura modelo. A partir daí, outros estudos foram realizados, estabelecendo, progressivamente, a Literatura comparada como disciplina.

Podemos dizer, mesmo que empiricamente ou ainda muito timidamente, que a literatura produzida no Brasil colonial pode ter sido baseada em comparação com outras obras, principalmente as portuguesas.  Neste contexto, destaque a alternativa que melhor elucida este aspecto:

 

 

 

 


 Havia uma exigência, por parte de Portugal que, nada que fosse produzido aqui poderia compor sua autoria. Logo, tudo o que era produzido aqui, mesmo a literatura, pertencia somente à Portugal.


Na condição de colonizados, muitos dos escritos daquela época buscavam uma afirmação de que aqui se poderia produzir obras literárias “tão boas quanto” as dos autores portugueses. Ou seja, que eram capazes de articular bem em seus escritos os cânones poéticos, assim como os portugueses faziam.


Na verdade, nada, em termos literários, era produzido no Brasil. Pode-se dizer que somente “rascunhos de uma literatura que imitava os autores europeus” pode ser considerada como relevante naquela época.


Por se tratar de uma cultura de tradição indígena por natureza, a literatura brasileira não passou por este processo. Tanto que seguiu por outra vertente, subvertendo-se à elementos literários completamente distintos.


 Nossa sociedade, em grande parte analfabeta, não tinha maturidade para produzir literatura. Somente por este motivo, as expressões artísticas não ocorreram.

Para responder a questão, leia os trechos/proposições a seguir:

 

I. Para contar esta história, o autor se apropria de um artifício muito original: faz uma viagem ao inferno, ao Purgatório e ao Paraíso, sendo conduzido por Virgílio.

II. A expressão "Inferno de Dante", derivada desta obra, refere-se a espetacular descrição do inferno feita pelo autor.

III. O autor se inspira na tradição clássica, épica dos grandes poemas, ao transcrever os aspectos religiosos e filosóficos inerentes ao ser humano, quando da condenação de Adão e Eva, pelo pecado que cometeram, desobedecendo à vontade de Deus.

 

Os trechos/proposições referem-se à(s) seguintes obras, respectivamente:


Todos os trechos/proposições referem-se à obra Paraíso Perdido, de John Milton.


Os trechos/proposições I e II, referem-se à obra Divina comédia, de Dante. Já a proposição III refere-se à obra Paraíso Perdido, de John Milton.


Todos os trechos/proposições referem-se à obra Fausto, de Goethe.


Os trechos/proposições I e II, referem-se à obra Paraíso Perdido, de John Milton. Já a proposição III refere-se à obra Divina comédia, de Dante .


Todos os trechos/proposições referem-se à obra Divina Comédia, de Dante.

Rousseau (1712 - 1778), famoso filósofo suíço, costumava afirmar que o homem em seu estado natural é bom e feliz, e que a sociedade com sua artificialidade faz, nele, aflorar o mal. O homem, então, seria uma espécie de “vítima” do meio onde vive, recebendo as influências negativas do mal. Nas obras analisadas em nosso roteiro de estudos, especificamente alguns fatos relativos a Milton, Dante e Goethe e suas obras, respectivamente, Paraíso Perdido, Divina Comédia e Fausto, indique a alternativa incorreta, quando se trata da relação entre o bem e o mal presentes nas obras destes grandes escritores: 


A obra Fausto reflete, por meio de seu personagem de mesmo nome, os conflitos do ser humano, em relação à sua postura espiritual e material, tendo omo eixo as relações entre natureza e consciência, razão e emoção.


Paraíso Perdido trabalha a relação entre o bem e o mal, evidenciando que a felicidade provém da obediência a Deus e a desobediência pode levar à queda, ás dificuldades, tornando o homem, um ser miserável.


Fausto, um mago­cientista, inconformado com a vida que levava, resolve fazer um pacto com o demônio (Mefistófeles), vendendo­ lhe sua alma em troca de novos conhecimentos e prestígio sobrenaturais


Em Fausto, de Goethe, o pacto entre Mefistófeles e o cientista não acontece, pois ao decorrer da leitura, percebemos que toda a glória e riqueza da personagem  surge somente de seu árdua trabalho.


Divina Comédia é uma obra indispensável, pois trata de  temas universais  e  atemporais, como  os assuntos relacionados a Deus, Lúcifer, pecado e salvação.

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