[...] Sinto-me tão perdida. Vivo de um segredo que se irradia em raios luminosos que me ofuscariam se eu não os cobrisse com um manto pesado de falsas certezas. Que o Deus me ajude: estou sem guia e é de novo escuro.
Terei que morrer de novo para de novo nascer? Aceito.
Vou voltar para o desconhecido de mim mesma [...]. Criar de si próprio um ser é muito grave. Estou me criando. E andar na escuridão completa à procura de nós mesmos é o que fazemos. Dói. Mas é dor de parto: nasce uma coisa que é. É-se. É duro como uma pedra seca.
(LISPECTOR, 1998c, p. 41-42)
A seguir, marque a alternativa correta.
Neste fragmento, podemos notar nitidamente a demarcação dos espaços.
Neste fragmento, especificamente, temos um texto delineado, geograficamente marcado, típico das obras de Clarice Lispector.
Neste fragmento, temos um discurso fechado, tomado pela linguagem objetiva. De forma alguma, há indagações sobre a existência da personagem.
O espaço se subdivide em um espaço demarcado e outro tomado pelo monólogo da personagem. Pode-se perceber, também, a falta da linguagem lírica.
Neste fragmento de Água viva, temos um discurso em aberto, tomado pela linguagem lírica. A espacialidade apaga-se e torna-se a própria linguagem, a linguagem enquanto manifestação da geografia do ser.