LINGUÍSTICA I


Recordando que “a coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o  texto” (KOCH; TRAVAGLIA, 1991, p.21) teste a coerência do texto abaixo para você, respondendo à questão proposta. .

 Arrumar o homem

 

Não boto a mão no fogo pela autenticidade da história que estou para contar. Não posso, porém, duvidar da veracidade da pessoa de quem a escutei e, por isso, tenho-a como verdadeira. Salva-me, de qualquer modo, o provérbio italiano: "Se não é verdadeira... é muito graciosa!"

Estava, pois, aquele pai carioca, engenheiro de profissão, posto em sossego, admitido que, para um engenheiro, é sossego andar mergulhado em cálculos de estrutura. Ao lado, o filho, de 7 ou 8 anos, não cessava de atormentá-lo com perguntas de todo jaez, tentando conquistar um companheiro de lazer.

A ideia mais luminosa que ocorreu ao pai, depois de dez a quinze convites a ficar quieto e a deixá-lo trabalhar, foi a de pôr nas mãos do moleque um belo quebra-cabeça trazido da última viagem à Europa. "Vá brincando enquanto eu termino esta conta", sentencia entre dentes, prelibando pelo menos uma hora, hora e meia de trégua. O peralta não levará menos do que isso para armar o mapa do mundo com os cinco continentes, arquipélagos, mares e oceanos, comemora o pai-engenheiro.

Quem foi que disse hora e meia? Dez minutos depois, dez minutos cravados, e o menino já o puxava triunfante: "Pai, vem ver!" No chão, completinho, sem defeito, o mapa do mundo.

Como fez, como não fez? Em menos de uma hora era impossível. O próprio herói deu a chave da proeza: "Pai, você não percebeu que, atrás do mundo, o quebra-cabeça tinha um homem? Era mais fácil. E quando eu arrumei o homem, o mundo ficou arrumado!”.

"Mas esse garoto é um sábio!", sobressaltei, ouvindo a palavra final. Nunca ouvi verdade tão cristalina: "Basta arrumar o homem (tão desarrumado quase sempre) e o mundo fica arrumado!”.

Arrumar o homem é a tarefa das tarefas, se é que se quer arrumar o mundo.

(NEVES, Dom Lucas Moreira. Jornal do Brasil, Jan. 1997. Questões Prova Polícia Rodoviária Federal de 1998)

 

O título dado ao texto:


assinala a tarefa básica inicial para a organização do mundo. 


mostra a desorganização reinante na família moderna. 


representa a tarefa que deveria ser executada pelo menino.


demonstra a sabedoria precoce do menino da estória narrada. 


indica a verdadeira finalidade do jogo de quebra- cabeça. 

Assinale a alternativa correta: (Questão adaptada de: http://portuguafacil.blogspot.com/2009/01/linguagem-verbal-no-verbal-e-sincrtica.html)

 São exemplos de linguagem não verbal:


sinais de trânsito e uma conversa informal entre alunos e professores.


discursos políticos.


cantigas infantis.


apitos e discursos políticos.


cores das bandeiras e dos semáforos.

Ao se estruturar os estudos da Linguística como ciência, a partir do séc. XIX, percebeu-se que se poderia dividir o extenso campo dessa ciência em alguns pares de dicotomias, para facilitar seu estudo.

Um pesquisador de uma língua ou linguista estuda os aspectos mais específicos dessa língua, ou seja, seus aspectos fonéticos, fonológicos, sintáticos, morfológicos, lexicológicos e semânticos, sem procurar destacar o outro lado da língua, as suas funções social, estética, literária, comunicativa etc. 

Pergunta-se: em qual grande área da linguística estão situados os estudos desse pesquisador?

Resposta: Essa grande área e a dicotomia a que ela pertence encontram-se, respectivamente, na opção:


Microlinguística versus macrolinguística.


Microlinguística versus linguística sincrônica.


Linguística teórica versus linguística aplicada.


Linguística sincrônica versus linguística diacrônica.


Macrolinguística versus microlinguística.

Quando, neste curso, ao estudar situações de concordância, regência e colocações pronominais no interior da língua portuguesa, você saberá, a partir de agora que  este estudo está no campo da:


Microlinguística, estudando a sintaxe.


Macrolinguística, estudando a sintaxe.


Macrolinguística, estudando a função estética da língua.


Microlinguística, estudando a morfologia.


Macrolinguística, estudando a morfologia.

Leia, com atenção, o texto a seguir observando os fatores de coerência que você estudou.

Culinária – Luiz Fernando Elias                                                                           

Quem não se lembra das receitas de bolo que, a exemplo das poesias de Camões, substituíam artigos e mais artigos nos principais jornais do país? Tristes tempos, quando o censor definia qual artigo poderia ser publicado ou não.  Hoje, felizmente, vivemos uma democracia plena e as tais receitas são apenas lembranças de um tempo de medo e desesperança. Com as eleições presidenciais, decidimos publicar neste jornal algumas sugestões culinárias de um famoso cozinheiro da Etiópia. Aqui vai:

O primeiro prato do dia é o já famoso “Lula à metalúrgico”, prato este que tem como componente principal o referido molusco cercado por uma salada de legumes vermelhos.

Em primeiro lugar, pega-se Lula, limpando-o bem até tirar a antiga casca dura, deixando-o de molho em especiarias, para aprimorar seu sabor. A seguir, leve-o ao forno assando em fogo brando, e experimentando seu sabor de tempos em tempos. Se não estiver no ponto, cozinhe-o por mais cinco anos. É muito importante misturá-lo à massa, que deverá ser bem agitada e espremida para melhor mistura.

Releia, agora,  o último parágrafo do texto levando em consideração os fatores de coerência que você estudou. Qual conhecimento é mais relevante e capaz de produzir coerência?


Conhecimento de mundo, ou seja, o conhecimento  sobre a ditadura e da não liberdade de expressão.


O conhecimento que possui sobre gêneros textuais, sua formatação, função e espaço de circulação que produz em forma de receita seu posicionamento sobre o  presidente Lula.


Intertextualidade: para que a coerência seja estabelecida é preciso que o leitor tenha conhecimento prévio de outros textos, pois só assim  a produção e recepção do texto será processada. 


Situacionalidade: é preciso que se conheça  apenas o contexto imediato da interação e o contexto sociopolítico-cultural em que a interação está inserida.


Conhecimento que possui sobre a pós-ditadura que foi marcada pela democracia. 

Texto 1

O grande clandestino - Aníbal Machado

Eu me distraio muito com a passagem do tempo.

Chego às vezes a dormir.

O tempo então aproveita e

            [passa escondido.

Mas com que velocidade!

Basta ver o estado das coisas depois que desperto:

            [quase todas fora do lugar, ou desaparecidas; outras

            [com uma prole imensa;

O que é preciso é nunca dormir, e ficar vigilante, para

            [obrigá-lo ao menos a disfarçar a evidência de suas

            [metamorfoses.

[...]

Contudo, não se deve ligar demasiada importância ao

            [tempo. Ele corre de qualquer maneira.

É até possível que não exista.

Seu propósito evidente é envelhecer o mundo.

Mas a resposta do mundo é renascer sempre para o

          [tempo.

 

Texto 2

O tempo e os relógios - Cecília Meireles

Creia-se ou não, todo mundo sente que o tempo passa. Não precisamos olhar para o espelho nem para nenhum relógio: o tempo está em nosso coração, e ouve-se; o tempo está em nosso pensamento, e lembra-se. “Vou matando o tempo, enquanto o tempo não me mata” — respondia-me na Índia um grande homem amigo meu, cada vez que perguntava como ia passando.

[...] Em todo caso, esses são os tempos grandes. O tempo pequeno é o dos nossos relógios.

 

Os dois textos tratam da forma como o tempo age sobre as pessoas. Assinale a alternativa  em que os  versos  expressam essa ideia de  que é impossível fugir da ação do tempo.

 


Eu me distraio muito com a passagem do tempo/ Em todo caso, esses são os tempos grandes.


Ele corre de qualquer maneira/ Não precisamos olhar para o espelho nem para nenhum relógio


O tempo então aproveita e passa escondido/Todo mundo sente que o tempo passa. 


Mas a resposta do mundo é renascer sempre para o tempo/ Vou matando o tempo, enquanto o tempo não me mata.


Seu propósito evidente é envelhecer o mundo/ O tempo pequeno é o dos nossos relógios.

Leia com atenção o trecho da música “Caviar” de Zeca Pagodinho.

Caviar – Zeca Pagodinho

Você sabe o que é caviar?

Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar

Mas você sabe o que é caviar?

Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar

 

Caviar é comida de rico curioso fico, só sei que se come

Na mesa de poucos fartura adoidado

Mas se olha pro lado depara com a fome

Sou mais ovo frito, farofa e torresmo

Pois na minha casa é o que mais se consome

Por isso, se alguém vier me perguntar

O que é caviar, só conheço de nome

 

Você sabe o que é caviar?

Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar

Mas você sabe o que é caviar?

Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar

 

Para que possamos entender  e dar sentido a um texto que lemos ou ouvimos nos mais diferentes contextos, é preciso que conheçamos do assunto sobre o qual está se falando.

Na letra da música “Caviar” o interlocutor que não conhece a iguaria só entenderá o sentido do diálogo presente no texto se ativar 


Seu conhecimento sobre informatividade


Seu conhecimento semântico


Seu conhecimento linguístico


Seu conhecimento sobre focalização


Seu conhecimento de mundo

A coerência que envolve a expectativa do conteúdo relacionado aos atos da fala numa comunicação é a coerência


sintática


semântica


pragmática


genérica


estilística

Estudando o capítulo 5 do seu livro I – A linguagem verbal e o contexto – você aprendeu que a coerência se estabelece em diversos níveis. Recorde os que você estudou, e destaque a qual deles a situação abaixo se refere.

Esse nível de coerência tem a ver com o texto visto como uma sequência de atos de fala relacionados de maneira a ser percebida como apropriada. Ou seja, num caso em que um patrão dá ordem ao subordinado, espera-se uma resposta que seja uma anuência, um atendimento, uma explicação e nunca outra ordem, que tornaria incoerente esse ato de fala.


Coerência ilocucional


Coerência pragmática


Coerência semântica


Coerência estilística


Coerência sintática

Leia as frases a seguir:

 À tarde, o tempo escureceu.

Uma forte chuva castigou a cidade.

 

O elemento coesivo que melhor uniria essas duas orações é:


portanto


entretanto


no entanto



apesar

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