LITERATURA AFRICANA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Leia o poema que segue:

 

“Você, Brasil”

Jorge Barbosa



Eu gosto de você, Brasil,
porque você é parecido com a minha terra.
Eu bem sei que você é um mundão
e que a minha terra são
dez ilhas perdidas no Atlântico,
sem nenhuma importância no mapa.
Eu já ouvi falar de suas cidades:
A maravilha do Rio de Janeiro,
São Paulo dinâmico, Pernambuco, Bahia de Todos-os-Santos.
Ao passo que as daqui
Não passam de três pequenas cidades.
Eu sei tudo isso perfeitamente bem,
mas Você é parecido com a minha terra.

E o seu povo que se parece com o meu,
que todos eles vieram de escravos
com o cruzamento depois de lusitanos e estrangeiros.
E o seu falar português que se parece com o nosso falar,
ambos cheiros de um sotaque vagaroso,
de sílabas pisadas na ponta da língua,
de alongamentos timbrados nos lábios
e de expressões terníssimas e desconcertantes.
É a alma da nossa gente humilde que reflete
A alma da sua gente simples,

Ambas cristãs e supersticiosas,
sortindo ainda saudades antigas
dos sertões africanos,
compreendendo uma poesia natural,
que ninguém lhes disse,
e sabendo uma filosofia sem erudição,
que ninguém lhes ensinou.

Com base na leitura do poema e de seus estudos sobre a poesia em Cabo Verde, pode-se afirmar que:




  • Brasil não vê os cabo-verdianos como amigos, mas sim como rivais no poder cultural.

  • O Brasil nega as nações africanas de língua portuguesa.

  • Há profundos vínculos entre as literaturas de língua portuguesa dos países colonizados por Portugal.

  • A formação do povo brasileiro se contrapõe à da nação de Cabo Verde.

  • A literatura não pode promover o diálogo entre as nações colonizadas por Portugal.