GEOGRAFIA DO TRANSPORTE
No texto a seguir, o autor levanta uma série de questões importantes que afetam a realidade das grandes cidades brasileiras nascidas, sobretudo, do êxodo rural da segunda metade do século XX, sem planejamento, muito menos equidade. Leia e reflita:
A exclusão, a injustiça social e as políticas repressivas e de extermínio sistêmico sobre as populações periféricas, especialmente sobre as populações negras e indígenas no Brasil, impuseram aos centros urbanos no Brasil (sem contar as heranças do sistema escravista brasileiro – o último a ser extinto nas Américas) a proliferação de favelas, guetos, áreas controladas pelo tráfico e por milícias, fazendo com que nossas ruas, praças e avenidas se tornassem cada vez menos ocupadas pelos cidadãos, com a consequente valorização dos espaços internos e, portanto, perda pelas populações de seu legítimo domínio sobre os logradouros e espaços públicos, atualmente priorizados para veículos automotores emissores de poluentes, bem como tomados pela violência urbana, tanto por parte de criminosos quanto pelos excessos dos agentes do Estado. (PEREIRA, 2016, p. 23)
(PEREIRA, Flávio de Leão Bastos. A fundamentabilidade do direito à mobilidade urbana. In: PIRES, Antônio Cecílio Moreira & PIRES, Lilian Regina Gabriel Moreira (Orgs.). Mobilidade urbana: desafios e sustentabilidade. São Paulo: Ponto e Linha, 2016. Cap. 2)
A partir do texto podemos concluir que:
I) A mobilidade urbana é restrita no próprio espaço geográfico das grandes cidades, onde há áreas e classes sociais mais negligenciadas e penalizadas pelo poder público, por sua própria condição histórica, como é o caso das populações periféricas.
II) Quando se fala em acesso à cidade, não se refere apenas ao transporte motorizado, mas, também, do direito à convivência nos espaços públicos, externos, de forma segura. Por isso as ruas não podem ser apenas o lugar dos automotores.
III) O direito social ao transporte está desvinculado de outros direitos fundamentais, como saúde, educação, emprego, moradia, lazer, etc. Desta forma, é mérito do indivíduo, e não do Estado, a condição de acessar a cidade e seus espaços.
Conforme o texto apresentado, é correto o que se afirma em: