AMÉRICA CONTEMPORÂNEA: IMPERIALISMO E LATINIDADE
Leia com atenção os fragmentos a seguir:
Éramos uma visão, com peito de atleta, mãos de janota e cara de criança. Éramos uma máscara, com as calças de Inglaterra, o colete parisiense, o jaquetão da América do Norte e o chapéu da Espanha. O índio, mudo, andava ao nosso redor e ia para a montanha, para o cume da montanha, para batizar seus filhos. O negro, policiado, cantava na noite a música de seu coração, só e desconhecido, entre as ondas e as feras. O camponês, o criador, revoltava, cego de indignação, contra a cidade desdenhosa, contra as suas criaturas. (...) O dever urgente de nossa América é mostrar-se como é, unida em alma e intenção, vencedora veloz de um passado sufocante, manchada apenas com o sangue do adubo, arrancado das mãos, na luta com as ruínas, e o das veias que nossos donos furaram. (José Martí, Nossa América, 1891)
Até pouco tempo atrás a América foi o monólogo da Europa, uma das formas históricas em que encarnou seu pensamento; hoje este monólogo tende a se transformar em diálogo. Um diálogo que não é puramente intelectual, mas sim social, político e vital. (...) Pela primeira vez, desde há mais de trezentos anos, deixamos de ser matéria inerte, sobre a qual se exerce a vontade dos poderosos. Éramos objetos; começamos a ser agentes das mudanças históricas. (...) Sermos nós mesmos será opor ao avanço das insensibilidades históricas o rosto animado do homem. (...) Somos, pela primeira vez em nossa história, contemporâneos de todos os homens. (Octavio Paz, O Labirinto da Solidão, 1950)
O cubano José Martí (séc. XIX) e o mexicano Octavio Paz (séc. XX) conceberam, cada um a seu tempo, ideais de identidade de acordo com a realidade histórica latino-americana. Considerando os fragmentos citados dos dois autores, identifique nas alternativas abaixo a concepção de identidade comum a ambos: