ESTUDOS GRAMATICAIS


Os textos a seguir, embora distantes mais de sessenta anos no tempo, tratam do mesmo tema: o emprego de termos estrangeiros na língua portuguesa. Leia-os

 

TEXTO 1

Não tem tradução

 

[...]

Essa gente hoje em dia

que tem a mania da exibição

Não entende que o samba

não tem tradução

no idioma francês

[...]

Amor lá no morro é amor pra chuchu

As rimas do samba não são “I love you”

E esse negócio de “alô”, “alô boy” e “alô Johnny”

Só pode ser conversa de telefone.

 

ROSA, Noel. Não tem tradução. Intérprete: Francisco Alves. IN: ROSA, Noel. Noel Rosa pela primeira vez. v. 4. Rio de Janeiro: Funarte/Velas, 2000.

 

 

TEXTO 2

 

[...] O empresário moderno não demite mais,

faz um “downsizin”, ou redimensionamento para baixo, em sua empresa.

O empregado pode dizer em casa que não perdeu o emprego,

foi “downsizeado”,

e ainda impressionar os vizinhos.

 

VERÍSSIMO, Luis Fernando. A versão dos afogados: novas comédias da vida pública: 347 crônicas datadas. Porto Alegre: L&PM, 1994, p. 77.

 

 

Comparando os dois textos, é correto afirmar que:




  • No texto 2, o autor dá a entender que o empregado se sente humilhado quando é demitido, mas não se sente assim quando é “downsizeado”.

  • Embora ambos revelem o mesmo posicionamento, o primeiro é uma crítica mais sutil e irônica; o segundo é uma crítica mais incisiva, direta contra o emprego de termos em inglês.

  • Um se opõe ao outro quanto ao uso de palavras estrangeiras por falantes do português: o primeiro critica e o segundo defende o emprego de palavras de outro(s) idioma(s) em nossa língua.

  • Ambos evidenciam um mesmo posicionamento, uma vez que se mostram favoráveis ao emprego de palavras estrangeiras como forma de valorizar socialmente quem as emprega.

  • No texto 1, as expressões populares “pra chuchu” e “esse negócio” contribuem para reforçar o posicionamento crítico do autor em relação ao emprego de palavras estrangeiras na linguagem do cotidiano.