No início do livro Memórias de um Sargento de Milícias, o narrador refere-se à honra e à respeitabilidade dos meirinhos (oficiais de justiça), negando-as posteriormente com fatos e atitudes que marcam a personagem de Leonardo Pataca, o que denuncia, mais do que ideias contraditórias, um posicionamento claramente irônico. Isso não ocorre no trecho:
“— Honra!…honra de meirinho…ora!
O vulcão de despeito que as lágrimas da Maria tinham apagado um pouco, borbotou de novo com este insulto, que não ofendia só um homem, porém uma classe inteira!”
“Ao outro dia sabia-se por toda a vizinhança que a moça do Leonardo tinha fugido para Portugal com o capitão de um navio que partira na véspera de noite.
— Ah! disse o compadre com um sorriso maligno, ao saber da notícia, foram saudades da terra!…”
“O compadre, que se interpusera, levou alguns por descuido; afastou-se pois a distância conveniente, murmurando despeitado por ver frustrados seus esforços de conciliador:
— Honra de meirinho é como fidelidade de saloia.”
“— Ó compadre, disse, você perdeu o juízo?...
— Não foi o juízo, disse o Leonardo em tom dramático, foi a honra!…”
“Espiar a vida alheia (…) era naquele tempo coisa tão comum e enraizada nos costumes que, ainda hoje, (…) restam grandes vestígios desse belo hábito.”