O PROJETO COLONIZADOR NO BRASIL


Após formar-se em Coimbra, Gregório de Mattos, poeta baiano conhecido como Boca do Inferno, retornou ao Brasil para ocupar o seu ‘lugar ao sol’, integrando a elite fundiária da Bahia. Filho de um Senhor de Engenho, fora educado para constituir a camada dominante do Brasil colonial. Contudo, rompeu com o status quo e preferiu lançar mão do seu exuberante talento literário para – sem papas na língua e recorrendo a imagens pesadas – denunciar a ambição, o descomprometimento social e a superficialidade das famílias abastadas da Bahia seiscentista. 

Leia com atenção os seguintes versos do poeta mencionado:

“Quem a pôs neste socrócio? ... Negócio.

Quem causa tal perdição? ... Ambição.

E o maior desta loucura? ... Usura.


Notável desaventura

De um povo néscio e sandeu,

Que não sabe que o perdeu

Negócio, ambição, usura.

 

Quais são meus doces objetos? ... Pretos.

Tem outros bens mais maciços? ... Mestiços.

Quais destes lhe são mais gratos? ... Mulatos.

 

Dou ao Demo os insensatos,

Dou ao demo o povo asnal,

Que estima por cabedal

Pretos, mestiços, mulatos.”

(GUERRA, Gregório de Matos e. Torna a definir o poeta os maus modos de obrar na governança da Bahia, principalmente naquela universal fome de que padecia a cidade. IN: MENDES, Cleise Furtado. Senhora Dona Bahia: poesia satírica de Gregório de Matos. Salvador: EDUFBA,1996. p. 54 e 55.)

Considerando que nessa etapa estudamos as estratégias de aproveitamento da mão-de-obra negra dentro de parâmetros coloniais escravagistas, responda: A temática central abordada nestes versos, associa-se à qual elemento histórico-social da antiga/atual conjuntura brasileira?

Assinale a alternativa que atenda, plenamente, ao questionamento proposto.




  • O preconceito da intelectualidade artística, nutrido por aqueles que obtiveram ascensão social mediante ganhos no agronegócio.

  • Os prejuízos financeiros que negros e mestiços impuseram aos grandes negociantes brasileiros, por não possuírem suficiente destreza profissional. 

  • A incompreensão dos artistas, defensores das camadas populares, face às contingencias sociais impostas pelo capitalismo.

  • A exclusão social e exploração econômica sofridas pelos afrodescendentes no período colonial e nos dias atuais.

  • A aversão que poetas, romancistas, e dramaturgos têm pelos membros das camadas sociais favorecidas pelo progresso econômico.