DIDÁTICA
-[...]. A notícia veio de supetão: iam meter-me na escola. Já me haviam falado nisso, em horas de zanga, mas nunca me convencera que realizassem a ameaça. A escola, segundo informações dignas de crédito, era um lugar para onde se enviavam as crianças rebeldes. Eu me comportava direito: encolhido e morno, deslizava como sombra. [...] A escola era horrível – e eu não podia negá-la, como negara o inferno. Considerei a resolução de meus pais uma injustiça. [...] Lembrei-me do professor público, austero e cabeludo, arrepiei-me calculando o rigor daqueles braços. Não me defendi, não mostrei as razões que me fervilhavam na cabeça, a mágoa que me inchava o coração. Inútil qualquer resistência.
(RAMOS, Graciliano. Infância, Rio de Janeiro: Record, 1995, p. 104.)
Hoje sabemos da importância de considerar o aluno como ser integral, que possui vontades, desejos, que traz para a escola sua cultura que precisa ser respeitada. O aluno não é mais um “ser passivo”, e o professor não é mais o detentor do saber que não pode ser questionado.
A relação entre professor e aluno, no processo de Ensino e Aprendizagem, deve ser de interação, construção, para que o conhecimento possa realmente ser construído de forma sólida e a experiência seja realmente de sucesso.
O texto do escritor Graciliano Ramos traz lembranças de sua entrada na escola, que expressam um momento da Educação brasileira. Entretanto, o pensamento pedagógico tem-se modificado ao longo do tempo, contrapondo-se ao modelo de escola evidenciado no texto.
Este contraponto é expresso por:
I - Transmissão cultural que considera o aluno como um ser passivo, atribuindo caráter dogmático aos conteúdos de ensino;
II - Valorização da criança, do afeto entre professor e aluno, das reflexões sobre as formas de ensino que considerem o saber das crianças;
III - Dimensão dialógica do processo ensino/aprendizagem com ênfase nas relações igualitárias;
IV - Preocupação com a formação humana relacionando as dimensões humana, econômica, social, política e cultural.
São corretos: