INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS


No Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles recria poeticamente os acontecimentos históricos de Minas Gerais, ocorridos no final do século XVIII. Nesta mesma época, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas, atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga. O fragmento a seguir foi extraído da Carta 2 em que Critilo (Gonzaga), dirigindo-se ao seu amigo Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), narra o comportamento do Fanfarrão Minésio (Luís da Cunha Meneses, governador de Minas). 

 

Aquele, Doroteu, que não é Santo 

 

Mas quer fingir-se Santo aos outros homens,

 

Pratica muito mais, do que pratica,

 

Quem segue os sãos caminhos da verdade.

 

Mal se põe nas Igrejas, de joelhos, Abre os braços em cruz, a terra beija,

 

Entorta o seu pescoço, fecha os olhos,

 

Faz que chora, suspira, fere o peito;

 

E executa outras muitas macaquices,

 

Estando em parte, onde o mundo as veja. (GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 68-69).


Considerando as informações apresentadas e esse fragmento poético, é correto afirmar: 


O autor critica algumas atitudes do governador de Minas, julgando-as dissimuladas.


O autor chama a atenção para o fato de que o governador de Minas age com fervor, longe dos olhos dos fiéis.


O tom satírico, presente nas Cartas Chilenas, não é observado nesse fragmento, pois, aqui, há apenas a descrição das práticas religiosas do Fanfarrão Minésio. 


O autor descreve, com humor, o comportamento do governador de Minas, sem apresentar um posicionamento crítico.  


O autor descreve as atitudes do governador de Minas sem fazer uso de um tom irônico.

Com base em seus estudos sobre a estética da recepção, analise as afirmações que seguem:

 

I. A estética da recepção acontece num momento de tranquilidade nos meios estudantis, quando os estudantes eram mais pacíficos e não questionavam.

II. A concepção de uma história linear, progressiva é substituída por uma concepção dinâmica em que autores, estilos, épocas vão dialogar entre si, possibilitando sempre novas "leituras" e novas "recepções" dos textos.

III. Sem a movimentação estudantil, a estética da recepção não se consolidaria.

IV. Segundo Jauss, a maneira pela qual uma obra literária, no momento histórico de sua aparição, atende, supera, decepciona ou contraria as expectativas de seu público inicial oferece-nos claramente um critério para a determinação de seu valor estético.

V. Segundo R.Holub, "horizonte de expectativas" pode ser entendido como um "sistema intersubjetivo ou estrutura de espera, ´um sistema de referências'' ou um esquema mental que um indivíduo hipotético pode trazer a qualquer texto.

 

São CORRETAS as afirmações contidas em:


II, III, IV, V.


I, II, III, IV.


I, III, IV, V.


I, II, III, V.


I, II, IV, V.

Assinale a alternativa que responde qual concepção de literatura está relacionada aos critérios de complexidade, coerência e economia.


Pragmática


Espiritual


Formal


Expressiva


Mimética

Com base na leitura do capítulo “O equipamento cultural do estudioso de literatura – o problema da relação entre a crítica e a erudição”, assinale a alternativa que mostra a controvérsia que se manifestou desde as primeiras décadas do século XX.


A discussão sobre o que deve e o que não deve ser levado em conta no estudo da obra literária.


O debate sobre questões científicas presentes nos romances de ideias.


Os questionamentos sobre a imitação presente nas obras literárias.


A discussão sobre o estruturalismo nas análises literárias.


Os questionamentos sobre a estética da recepção.

A partir da leitura crítica do romance Helena, feita por Regina Zilberman,  pense sobre o questionamento a seguir:

O romance Helena atendeu ao horizonte de expectativas do leitor nos seus primeiros anos de circulação?

Agora, assinale a alternativa CORRETA:


A narrativa reforça o gosto dominante quando vangloria a protagonista, já que, para a sociedade, era aceitável a reversão do quadro que apresentava Helena como herdeira do Conselheiro e irmã de Estácio.


A condução narrativa de Machado de Assis não deixou os leitores em sobressalto com as insinuações de uma possível paixão entre irmãos e mesmo com a apresentação de uma heroína cheia de ambiguidades.


A narrativa de Machado de Assis não foi aceita pela sociedade, por criticar os hábitos e costumes da burguesia paulista.


Pode-se concluir que o leitor de Machado de Assis, daquela época, deve ter se reconhecido no universo do livro, porque a classe leitora pertencia àquela elite.


Não havia leitores que pertenciam a uma pequena classe média, em formação, constituída por brancos que trabalhavam para a burguesia.

Nos dois primeiros capítulos do livro Helena, os personagens se distinguem pela classe social que representam e por seus valores. Assinale, a seguir, qual dos valores são apresentados nestes dois primeiros capítulos.


Os valores éticos de Estácio que já no início da história rejeita a suposta irmã.


Os valores morais da esposa do conselheiro que soube suportar a traição do marido com dignidade.


Os valores estéticos de Helena, que se mostra muito preocupada com a decoração de seu novo lar.


Os valores puritanos de D. Úrsula ao expulsar Helena da casa em que viviam, por ela estar "manchando" o nome da família.


Os valores familiares do Conselheiro Vale, preocupado com o futuro de sua esposa e de seu filho, excluindo Helena de seu testamento.

Eva Kushner "reconhece que os três movimentos têm em comum a concentração exclusiva no texto em si". Assinale a alternativa que representa quais são os movimentos que a autora se refere:


Formalismo Russo, New Criticism, Nouvelle Critique.


Formalismo Russo, Estética da Recepção, Nouvelle Critique.


Formalismo Russo, New Criticism, Estética da Recepção.


Estética da Recepção, New Criticism, Nouvelle Critique.


Romantismo, Realismo, Modernismo.

Sobre o equipamento cultural do estudioso da literatura, analise as afirmações que seguem:

I- O equipamento cultural do estudioso de literatura consiste, primeiramente, nos conhecimentos de tipo mais específico, que se dirigem à estrutura da obra literária e que são os conhecimentos críticos.

II- Além dos conhecimentos mais específicos, o estudioso deve equipar-se de outros conhecimentos que podemos designar pelo termo erudição e que incluem os chamados conhecimentos preliminares ou pré-críticos.

III- São chamados preliminares ou pré-críticos, porque permitem entender a obra de maneira adequada antes de iniciarmos a nossa apreciação.

 

São CORRETAS as afirmações contidas em:


I e III, apenas.


II e III, apenas.


III, apenas


I, II, III.


I e II, apenas.

Marlies Danziger e W. Stacy Johnson, na introdução ao capítulo “O julgamento da literatura”, fazem referência às muitas maneiras diferentes de avaliar a literatura e afirmam que existe considerável discordância entre os críticos do passado e do presente sobre que critérios ou princípios de julgamento adotar. Observam também que quase invariavelmente, a escolha de critérios depende da concepção básica de literatura que cada um adote.

 

Com base nas ideias apresentadas por Marlies Danziger e W. Stacy Johnson  e em seus estudos, relacione a segunda coluna de acordo com a primeira:

 

(1)          Critério de Verdade

(2)          Critérios de prazer e instrução

(3)          Critérios de originalidade e sinceridade

(4)          Critérios de complexidade, coerência e economia

 

(  ) todos somos propensos a julgar uma peça, romance ou poema pelo grau de prazer que nos proporciona ou pelos ensinamentos, morais ou intelectuais, que nos transmitem.

( ) quando aplicado à obra literária, pode ser entendido de várias maneiras diferentes, sendo um deles o que pode significar fidelidade à vida, restringindo-se às nossas experiências comuns.

( ) refere-se à estrutura da obra literária, ao passo que quando utilizamos os outros critérios, os chamados critérios extrínsecos, nossa atenção se volta para outros fatores: o mundo exterior à obra literária, que ela, de alguma forma, imita ou representa, o escritor que a produz ou o leitor que reage a ela. Interessamo-nos pelas qualidadesintrínsecas e não pelos fatores extrínsecos.

(  ) deve-se valorizar a obra pela novidade ou originalidade que ela apresenta, bem como se deve avaliar uma obra, um poema, por exemplo, pelo grau de sinceridade que ele apresenta.

 

Marque a sequência CORRETA:


1 2 3 4


3 1 2 4


2 4 1 3


2 1 4 3


4 3 2 1

A atual crise no campo dos estudos literários é, em suas raízes, uma crise da definição da própria matéria. (Terry Eagleton)

 

 A epígrafe descrita anteriormente nos mostra a dificuldade de se chegar a uma definição de literatura. Com base em seus estudos sobre a noção de literatura, analise as afirmações que seguem:

 

      I.        O fato de nos depararmos com duas definições de literatura prova que o domínio da literatura não é uno, não é homogêneo, mas que o domínio que inclui instâncias de natureza diferente, que são os gêneros, o que faz com que ela só possa ser considerada como uma entidade funcional, nunca como uma entidade estrutural.

    II.        Para que uma entidade possa ser considerada “estrutural” é preciso que ela constitua um domínio homogêno, ou seja, todas as instâncias que assumem uma mesma função, ou seja, que estão incluídas nessa entidade, têm de possuir uma natureza comum e apresentar as mesmas propriedades. Do contrário, ela não será uma entidade estrutural e não poderá, portanto, ser definida. Será, quando muito, uma entidade funcional.

   III.        Um conceito que pretendesse englobar todos os aspectos julgados relevantes nos textos literários, acabaria por negar-se enquanto conceito, porque lhe faltaria a necessária homogeneidade (ou coerência).

  IV.        O que inviabiliza toda e qualquer tentativa de definição da literatura, não é outra coisa senão o caráter heterogêneo deste domínio. É esta heterogeneidade que nos impede de descobrir um denominador comum a todas as produções literárias. Na medida em que as características do que se considera como literatura relevam de instâncias ou gêneros diferentes, não há como estabelecer um conceito incontroverso de literatura.

   V.        A existência de uma entidade “funcional” literatura não implica, necessariamente, a existência de uma entidade “estrutural”. São coisas completamente diferentes. Estas duas noções devem ser rigorosamente distinguidas, como acentua Todorov. (s/d, p. 12). A uma entidade funcional não corresponde forçosamente uma entidade estrutural. Este é o caso da literatura.

 

São CORRETAS as afirmações contidas em:


III, IV, V, apenas.


I, II, III, IV, V.


I, II, IV, V, apenas.


II, III, IV, V, apenas.


I, II, V, apenas.